quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Gancho de prata

Gancho de prata sem movimentos ou gestos, Abundâncio o tinha à ponta do braço esquerdo, só de farra. Dizia-se “maneta”, contrariando Edite e as legislações que impediam tal tratamento a alguém que porta deficiência física. Da troça à pecha havia evidentemente a farsa, que foi tratada por amigos igualmente incorretos com a denominação “capitão”, precedendo o nome de Abundâncio ou apenas “gancho”.
Como na cidade não houvesse peters-pans, capazes de desdenhar o embuste, Edite ergueu a guarda, em sentida síndrome de fada Sininho. Com cólicas de desejo, larguras nos decotes e lençóis frescos sentenciou concisa ao marido farsante: “de hoje em diante você tira o gancho ou vá viver com seus piratas”.

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