segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Brecha e meia

Brecha e meia rememorava siamesas coisas e causos, que passaram a si, sem que outros tivessem idêntica referência. “Haja hoje para tanto ontem”, cuspiu João Carlos com enfado explícito, meio que displicente, meio leminski. Então não tardou a desandar os passos da prosa, partilhando águas presentes. Olha aqui, cidadão de antanho, enfie seus remotos no auto-tédio, seu saudosismo no saco de fastio, seu fossilismo no enfaro em que vive, depois dê descarga e confira com os olhos, para ver se não ficou marcas nas bordas da privada. Foi pesado da parte de João Carlos, que ajeitou seus óculos moles com os dedos enrugados, ainda cuspiu no chão, para esconjurar desentendimentos. O homem silenciou-se domesticado. Curvou o braço e levou à boca, de virada, todo o meio copo da cachaça restante. Olhou João Carlos nos olhos, fez que sim, e saindo, ainda virou-se desafiador: “mas que era melhor antigamente, isso era...”.

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