quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cacarejou reclamações

Cacarejou reclamações pra mocinha do caixa, que na solicitude do emprego ouviu e engoliu, cheia de mal estar. A sovinaria do homem era de cão faminto, mesmo que lhe sobrassem rações e ossos. Não que ela precisasse lisonja, bajulação ou mesurice, mas dinheiro, isso sim, objetivava sua melancólica paciência. Tanto fez o tal sovina, que Elizabete chamou a gerente, fonte extra do endosso à negação do desconto, pretendida pelo o avaro. Foram vagabundos minutos de palavras inúteis, até que o homem resolvesse, enfim, ir embora sem levar nada, apenas o saco de leite, sem o qual não poderia tomar seus remédios de velho rabugento. Elizabete embrulhou o saco num papel de seda, usado sempre para presentes. Mas, ao entregar-lhe, deixou que o anel penetrasse numa das pontinhas ocultas do embrulho. “Até ele chegar em casa sua tacanhice acaba”, riu à gerente.

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