terça-feira, 5 de abril de 2011

Moro numa

Moro numa terra de muitos raios, mas para os períodos nos quais eles não caem do céu (e o lugar não perder a fama), resolvi instalar aqui em casa uma fábrica de faíscas. Nutri de eletricidade pura meu armazenador de solo, cuidando par que pudesse repassar toda a energia poupada ao pequeno avião que aluguei – exclusivamente para o momento de soltá-los. Via facho de luz. A potência sobe, com um efeito de espelho, volta à terra na forma de raio. Minha dificuldade é que a aeronave não consegue ficar parada, e perco o controle do lugar exato onde minhas fagulhas cairão. Confesso aqui, aliás, que fiquei meio chateado anteontem, quando ouvi no noticiário das oito que aquela família inteira havia sido fulminada por um raio extemporâneo. Saia, à tardinha, para o culto das seis. Acabei acalmando-me. Vai ver foi Deus que fez a mira, eu, como bem expliquei, não tenho todo esse poder.

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