domingo, 10 de abril de 2011

Incapacidade para

Incapacidade para produzir fenômenos era o de menos, mal dava conta de recuperar as energias perdidas com as obviedades. Era um selecionador de seilás, para serem ditos às vagas circunstâncias. Oferecessem-lhe café ou sexo, por exemplo. Deu de vagar manso pelas alamedas do bairro, buscando sabe Deus que história pouco natural. Assim meio irresoluto, meio ave sem fome. Ninguém já lhe observava muito às sombras das sibipirunas. Esperando cair um quê do céu, ali ficava memorando nadas. Por consenso transformaram-no em utensílio. Ainda que ausente, segurava roupas para secar, passava recados de uns a outros, guardava chaves e até apitava quando via por ali alguém estranho. Com as pessoas do bairro fez as pazes, de uma guerra que nunca houve. Por um tris ou por um traço não foi confundido com o lobisomem que infernizava a vida de todos. Jamais uivou.

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