sábado, 9 de abril de 2011

Duma sede

Duma sede inútil deu para não parar mais de beber. Dar o contra era o sapato apertado, então cedia, boa bisca... e bebia. Litros e tantos dos puros líquidos aos pontos pênseis dos caminhos sem eixos. Era assim, embalado como as palavras que dizia às tantas, numa catarata de barbáries e impropérios. Batia em cochos pelas costas, derrubava criancinhas, dava de dedo em cego, rasteira em velhinhos e desempenhava a vida. Desse andaime logo foi ao chão. Preso com boca mole, beliscou o guarda, cuspiu no delegado e sacou do bolso a garrafinha de conhaque, num relapso do carrasco próximo. O último gole tossiu, como se o ovo tivesse defeito. Não foi o sopapo que o mandou ao inferno, mas a quina arrepiada da cadeira miúda daquela delegacia insana. Seco e sem mascar um mosquito que fosse, foi levado à aridez final. Movido a bafo ao pó voltou.

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