terça-feira, 19 de abril de 2011

Dali para

Dali para frente os ricos deixaram de comer por quilo. Contrataram dona Olinda, uma cozinheira falante e esmerada, que se encarregou do apartheid no bairro, com guloseimas e delícias. Fazia pratos que não se deixavam arrotar, feijões de poucos peidos, angus à prova de azia. Os outros que se dessem mal com o turco, dono do restaurante existente. Fechassem os olhos e comessem cru, cozido ou frito, porque sempre haveria uma polenta capaz de algo mais, além da sustância imediata. Sem altruísmo ou cuidados higiênicos, aquele almoço, misto de gordura e alvoroço, fazia súditos avessos, cuja única opção era a exclusão. Ainda que os intestinos bradassem no começo, os comensais se obrigavam a dar tudo por encerrado. E quando a concha do crânio destampava aflita, que procurassem um antiácido, analgésico ou, na fase radical, um dedo. Cada qual no seu canto.

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