sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O assassino era

O assassino era o pastor. Só no final do filme Doralice acreditou no que via, porque além de espectadora era crente, e não queria abalar sua credibilidade com arte pagã. No complicado da intriga chegou a pensar em desligar a televisão, como o seu pastor, que não o do filme, havia sugerido mil vezes, em tom culto, no culto. Porque televisão era o precipício, meio perigo aziago, rumo ao inferno, se houvesse inferno. O pastor, não o do filme, dizia que não. Inferno era coisa do capeta, assim como a televisão, seus astros e estrelas. Então Doralice esconjurou o mal pela raiz, no caso, a tomada. Pediu clemência e puxou o fio. Fagulha inquieta do pecado nunca mais. Porta voz da danação, nem pensaria. Nem pensaria... nem pensaria, nem pensaria nas oito prestações que ainda faltavam para pagar aquilo.

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