terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dom para nada

Dom para nada planejar Júlio tinha de sobra, por acaso, naturalmente. Deu pela falta dos pés de porco e do feijão preto quando os convidados para a feijoada começaram a chegar, alegres e esperançosos. Por serem quase íntimos, não se incomodaram, chupariam as laranjas, já que foram convidados a sentarem-se sob a laranjeira, carregada e decana. O constrangido Júlio gesticulou nervoso, mas nem precisava. Ninguém lhe cobrou a falta de farofa, a ausência da couve ou do limão para a caipirinha. E como não havia paio, mas um pedaço de charque já cozinhava na panela há algum tempo, salgaram a boca com o possível, acompanhado de linguiças até razoáveis no sabor. Perguntaram-se então sobre o porquê da amizade com Júlio, que lhes esquecia os aniversários e mal cumpria os encontros combinados. Chegaram à conclusão óbvia: Júlio não é amigo, é coisa que acontece.

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