terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lago enxuto

Lago enxuto, secas marcas. Parecia um poema a fala de Garcia, mas ele era assim, homem de poucos artigos. Maus lençóis, vida dura. Previa o devir, com os olhos de quem há muito vivia naquele fundo de mapa. Céu aberto, todo núpcias. Advertia então para a impossibilidade de umidade próxima, probabilidade de bons tempos, sem a precipitação dos afoitos. Vamos embora, chances nulas. Foi só conselho àqueles que o rodeavam, na vastidão do desejo de um túnel no final daquela luz intensa. Fim do fermento, ninguém cresce nesse firmamento. Por fim sentenciou, como se nem todo o ser tivesse direito à vida. Quem sabe à volta, um dia todos o teriam. Antes, porém, era preciso chuva: uma chuva, a chuva. Todas ou única, mas Garcia não dispunha-se, nem assim, aos artigos. Melhor morrer, substantivo concreto.

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