quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Banana, o homem.

Banana, o homem. Jaca, a vizinha. Maracujá, a velha síndica. E Cecília tinha o hábito de frutificar pessoas. Era uma lavoura de impropérios, um pomar de adjetivos, uma cultura de vegetais até às raias das crianças hortaliças, que brincavam no playground. As caras até tinham lá suas semelhanças, mas Cecília as forçava nos seres e seus pareceres, com acenos espasmódicos e afetados, como se a Sra. Jaca fosse apenas aquela coisa redonda, revestida por uma casca grossa coberta de acnes. A amiga Adélia, a pêra, ainda por cima macrobiótica, reforçava a mania de Cecília, dada à notória exclusão de qualquer espécie animal nos apelidos, mas a advertia sobre a possibilidade de um dia se dar mal. E se deu! Mais para animais do que para vegetais, os moradores trataram logo de devolver à Cecília as alcunhas que recebiam, e: piranha, vaca, porca, cadela, onça, égua, mula, corça, cabrita e lebre foram apenas algumas, entre as inúmeras fêmeas pelas quais ela passou a ser conhecida no lugar. Riu, mas foi um rizinho verde...

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