domingo, 23 de janeiro de 2011

Colhe brisa

Colhe brisa e se molha. Tobias é assim. Tem o calor do pastel frito da barraca do japonês, a alusão do assado diário, o cálido de um deserto com proporções imensas, que parecem não ter fim. Sua, abrasador, quando anda. Dá-se ao sorvete ou aos profundos goles de coca-cola. Adoça-se com paçoquinhas de amendoim, por vezes, quindim, sem jamais perder o desejo do ciclo: gula e quentura. Então não raramente se avaranda ao vento, quando invariavelmente encharca-se com os jatos fracos da mangueira retorcida. Tobias retira as lentes de grau, lento, e se posta depois no espichado banco de madeira reforçada. Com sonhos de criança, ronca o ronco dos velhos. Já beira os quarenta, mas entende que a vida não pode ser medida aos anos, quiçá aos quilos. Quando o doutor utilizou a palavra morbidez, levou um susto porque a associou à pouca comida. Para a cura, existe afinal a brisa.






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