quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Percalços passados

Percalços passados deixaram Alexandre sem chão. Dizia-se caetanamente um ser em construção; já era ruína. Fazia de conta. Meio água de sede inútil. Carpinteiro poupando pregos. Doente com a saúde que só vendo. Mediano meridiano, medíocre do arco ao sofá, onde sentava cínico, com os desvios em prontidão. A um palmo da miséria, enriqueceu o vocabulário. Esbanjava palavras com a loquacidade de um feirante. “Mentiras baratinhas”. “Leve duas histórias e ganhe a terceira”. Barganhava um punhado de sentidos, sem moedas ou valores. Só pelos desígnios incontroláveis da manutenção do mito Alexandre, ex-grande. Se lhe descortinassem a farsa ou averiguassem os saldos, restava o adverso. Infortúnio falante. Mas ninguém se atrevia a lhe incutir verdades. Em reconhecimento às firmas negadas, todos tiveram culpa no cartório.

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