sábado, 27 de novembro de 2010

Consulta iniciada

Consulta iniciada, taquicardia. A ansiedade em simbiose com o medidor de pressão: inflava, esvaziava, em busca de ar para inflar de novo. Adolescente, enormizava as coisas. Não há maior dor. Não há amor superior ao que o Júlio César sente por Helena, já aos dezessete anos de idade. Ele diz e confirma... mas não sabe se sobreviverá. Aquela dor nas costas de três dias, só pode ser câncer no pulmão. A diarréia de anteontem, sintoma de AIDS. Hoje, acordou meio pálido: leucemia. Os vorazes glóbulos brancos estão engolindo os vermelhos. O dedo do pé continua roxo, depois de receber sem querer o vazo de antúrios da mãe, que caiu da mesa: gangrena! Um pé esquerdo, portanto, à beira da amputação. Esses olhos sinistros do Doutor Diego dirão já já alguma coisa. Ele tremula os lábios, vai falar... “Você não tem nada, não, Julinho. Vai embora e desencana...”.

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