quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Deu conta

Deu conta, de repente, que do cotovelo coçado pra passar o tempo brotava umas gotinhas de sangue. Calculou, então, fazer horas que esperava pelo tal advogado. O assunto exigia paciência, mas imaginava que fosse apenas no decorrer de sua solução. Com o disfarce dos anjos, apertou o cotovelo no braço do sofá marrom. Evolução dissimulada para limpar a pele e vingar-se do dono. Até que a displicência deu sinal de vida, e o jurisconsulto apareceu, para apertar-lhe a mão com um bom dia. Boa tarde, disse de volta. O homem não gostou do insulto. Enchendo de rugas a testa tensa, o cliente pediu desculpa, e levou a cabo o sacrifício de contar ao atrasado suas pendengas presentes, futuras angústias. O advogado disse que tinha jeito, mas não disse qual. Mandou que voltasse amanhã... sem aquela pressa.

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