quarta-feira, 24 de novembro de 2010

No fundo da gaveta

No fundo da gaveta papéis já meio marrons tinham anotações cosmopolitas. Um provável manuscrito aos pedaços, cujas narrativas renegavam a pequenez daquela casa, da cidade e do próprio país que lhe forneciam a língua. Certa crueldade, ironia às vezes bem humorada, fascínios de olhares distantes daquilo ali. Também se auto previa cercado de bibelôs no futuro, e eram estes que adornavam a cômoda onde havia aquela gaveta (e seu respectivo fundo). Sabido o autor. Autor? Seria autora? Mas por que tantas premunições naquela linguagem caprichosa? Algo havia dado errado em sua vida por ali. Dizia que deixara as canções alegres para escrever o tal relato. E o que revelava era que, naquele mundo autônomo, despertadores não acordavam ninguém.

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