sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Hematomas redondos

Hematomas redondos eram praxe. Marcas de lanhadas, não. Felipe achou-as estranhas quando as viu pelas duas pernas, ao amanhecer. Combinara com Fabiane os murros, chicotadas, não. Achou melhor tirar satisfação a optar pela vingança imediata. Aguardou a próxima noite, noite alta, madrugada. Ela apareceu. Tinha os punhos cerrados, ávidos por golpes, mas vinha junto com Sandrine, que tinha, sim, um velho chicote na mão. Felipe sentiu um soco. Dois, três e muitos, mas Fabiane se afastou, cedendo espaço para Sandrine assumir a sentença de algoz ao réu inocente. Felipe levantou-se irado, e deu sem dó safanões dispersos nas duas megeras. “Exercício pra circulação não é fetiche, Fabiana!”, gritou enérgico. Os olhos da mulher encheram-se de lágrima, e ela cutucou um “vamos” no braço de Sandrine. Voltou-se a ele, aos soluços: “não brinco mais!”.

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