segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Refúgio sempre

Refúgio sempre havia naquele quartinho de fundos, sem iluminação ou vista. A panela enegrecida, alumínio barato, sempre foi capaz de produzir um arroz de terceira, ovo cozido ou água para o café ralo. Mesmo a chuva, adversária implacável na forma goteiras, era incapaz de expulsá-lo de vez do lugar. Os gigantescos edifícios adjacentes compunham um canyon a sua volta. Opressão nem se parecia um sinônimo. Mas, sem pânico, com a valentia dos conformados, lá ficava horas e noites, cafés e cigarros. Não havia nenhuma Maria, som de música ou imbecilidades (que fossem) televisivas. Não tinha televisão, nem infâmias. Computador ou cobertor. Vida besta a do Raul.


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