segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Deu de ateu



Deu de ateu para ousar uma contemporaneidade da qual não dispunha. Falou falácias, entraves pouco tácitos e outras coisas sobre a fé. Gilberkeko tinha essas reviravoltas conjeturadas à moda científica do momento. Sim, ele era um cientista das humanidades. Bem mais dado ao visual que ao aprendido, objetava assim as leituras muito intrincadas, em prol de um bom videoclipe. Pouco ligado às antigas doutrinas, estava certo de reconhecer na fé o temor típico dos inseguros, porque assistiu a um filme neozelandês que assim se expressava. Com disposição mínima à discussão ortodoxa, achava que o mundo estava aqui e pronto. Entretanto, à beira da distração para a prática da vida, por pouco não tornou ao pó ao atravessar a avenida. Só Margarete escutou daquela boca assustada o “valha-me Deus”, à freada brusca do Porsche, a milímetros das pernas de Gilberkeko...


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