domingo, 30 de outubro de 2011

Na esquina

Na esquina cruzou – como vai? – o padeiro de anos. Sua loucura por pães cessara após o desgosto. Como água que se escapa dos dedos ziguezagueando – aqui está melhor – procurou a calçada na qual não havia gente. Somente o som dos saltos dos sapatos – que compasso! – ecoava na sua cabeça distante – ali mesmo. Nas narinas, sim, havia o cheiro do perfume ou do sangue – não pode ser – de Karina. Em êxtase repentino – mas esse soluço – notou que a verdade lhe era melancólica. Um assobio vinha logo atrás – que susto – mas não era a polícia, nem para ele. Seguiria a viagem dos seus sonhos – qual era mesmo o rumo? – ainda que solitário, criminoso. Entrou em casa aliviado – faço rápido essas malas – então partiu esbaforido. Ninguém deveria ter o direito de humilhar – principalmente Karina – a vida de outrem.


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