sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Miséria inexistente

Miséria inexistente. Que boas picanhas, que vinhos distintos, que queijos saborosamente estranhos. Depois licores, certos satiricóns sem sexo, saladas de frutas exóticas sob sorvetes artesanais. A fartura indolente e fermentação iminente o que haveria de ser? Flatulências. Ri, porque estava rico, logo, ria à toa. Os sons prosseguiam intermitentes, a música era contínua e erudita, como devesse constar na cobertura jornalística da festa. E a anfitriã jamais daria um basta. O chef degustaria as essências propositadamente inutilizadas. O maître manteria a pose. O dono colheria impressões, com a esperança implícita que verdadeiras. Nos cantos, os cães olhavam piscando as pálpebras, fartos dos brindes dissimuladamente obtidos junto aos comensais. Cachorros e gentes então cochilavam saciados. Um aqui, outro ali, no balanço inerte das horas...

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