sábado, 11 de junho de 2011

O garçom

O garçom disse que entendia. Alguém se sacudiu pelos ombros afora, e olhou desconfiado. No que Aurélio virou de costas, o garçom possuiu-se de pedantismo ao agarrar o iPod da mesa, e ainda ironizou: “Aí, pode?”. Aurélio sorriu, com expressão desconsertada. Molhou os lábios nas pedras do uísque e deu sinal de “vai”. O garçom limpou a boca no ombro, mas seu olhar era para a tela. Tocou, até tirar o lenço, assoar o nariz e dar uma limpadinha: na cara e na máquina. Aurélio beirou o surto, arrancou musgo da garganta e sem clareza tomou a coisa da mão do garçom. Que susto! Preferiu vê-lo, para verificar por si se havia borrões, manchas ou gosmas. O garçom suspirou. Alguém, para não parecer desrespeitoso, fez que “tudo certo” com a cabeça. Aurélio desligou e guardou o iPod. O garçom fixou-lhe um olhar de desesperança: do tipo “como pode?”.

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