segunda-feira, 13 de junho de 2011

À medida


À medida que sujava o mundo, crescia-lhe a calma. Foram vastas lascas de madeira deitadas pelo corte. Rios de águas despachados a esmo, sem ressentimentos. A fartura, enfim, daquilo que pelo descarte revertia-lhe lucros. Dorival dominava, sem arte ou armas, a imensa paisagem bucólica das terras que já herdara explorada. Fez crescer o acinte, com maquinários inimagináveis: grandes e destruidores. Tornou-se senhor de um ex-paraíso, revolvido à base de implementos, agrotóxicos e algum divertimento. Não era, então, por demais idoso, mas já com a pança na poltrona de angico, vermelho e pasmo, passou a fortuna à geração presente. Nenhum inconveniente ou perigo iminente. O mundo, de tão óbvio, permaneceria sujo.

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