quarta-feira, 1 de junho de 2011

- Escória, ao seu

- Escória, ao seu lugar! Sua majestade foi imperativa. Primeiro olhou do alto ao chão. Mediu de cima embaixo. Depois proferiu a ordem, deixando o cavaleiro deslocado, sem jeito ou gestos. Um reles cidadão ali ao lado, peão, que se sabe lá porque, estava ali ao lado, tão fora de seu habitat, ofendeu-se com a ofensa da rainha ao cavaleiro. Cutucou o bispo, com o propósito de denunciar à igreja o autoritarismo da monarca. Sua reverendíssima também não sabia se mandava alguma coisa ou não. Notou que seu colega, também bispo, e também branco como algumas casas de um tabuleiro, estava ao seu lado, também em casas pretas. As torres, lado a lado, fechavam a visão dos demais plebeus, e o pobre rei, coitado, tinha menos poder do que todos, isolado na última casa branca da direita.
Diva, a feia, é assim. Quando vem em casa para a faxina semanal e limpa o tabuleiro de xadrez sobre a mesa, provoca confusões espetaculares no Estado, no clero, nas armas e na sociedade civil.

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