quarta-feira, 14 de março de 2012

Num cárcere

Num cárcere de colcheias a palavra livre apontava para a impossibilidade daquele filme promover a fúria de Hélio, sua libido ou maus costumes. Não lhe conteve, entretanto, as flatulências, quando crianças riam do policial trapalhão, incapaz de prender o menino fujão. A cena se dava na estação de trens, e logo mães e tias descompromissadas associaram aquele cheiro ao do freio da locomotiva, envoltas que estavam com a terceira dimensão, que vinha da tela e do par de óculos ridículos. A sequência veloz de imagens e dos gases de Hélio, polenta de três dias do restaurante por quilo, levou a plateia à interação plena. Era como se os lixos expostos no telão propiciassem a quarta dimensão aos sentidos públicos. Até que uma avó, displicentemente atemporal àquela sessão infantil, apontou o indicador para a poltrona de Hélio, identificando-o como coautor de Martin Scorsese naquela obra. Definitivamente, Hélio era impróprio para todas as idades.

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