segunda-feira, 26 de março de 2012

Dei de ser

Dei de ser outro. Sempre desejei não declarar e foi a conta. Boca de siri, rolha, um túmulo. Voz do silêncio. Sabe que é melhor assim. Veja você, o delegado, sutil como um morcego de sótão durante o dia, queria que eu lhe contasse da tia Diva. É, da Divina, minha falecida tia – que Deus a tenha. Insistia em querer saber por que eu fui o primeiro na corrida do testamento, em que todos os parentes ficaram para trás. Eu, eim? Depois quis saber da visita que fiz à velha na véspera do acontecido. Por que não chorei?, essas coisas... Xereta ele. Mas quem morreu primeiro foi o tio Cláudio, justinho um mês antes da morte da irmã. Não contei nada pra não dar o que falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário