sexta-feira, 16 de março de 2012

A chuva

A chuva se escondera no céu da vila, esperando o tempo certo para molhar as pessoas. Agora, com todos meio úmidos, o Sol graceja com o calor de seu lençol amarelo-dourado. Soltando a vida na mão da rua principal, Zaneta lançou seu grito de lá da esquina, que veio ecoando pelas casas e janelas, fez o desvio do menino Márcio, depois se desfez, sem que a gente entendesse bem as palavras que carregava consigo. O povo daqui é gozado. Vão da vida pra morte e mal notam. As garoas nem chegam a brincar de enchente, e Zaneta, coitada, anda assim pelo tempo. Geme às vezes, ri de nada e solta uns estampidos públicos com cheiro de gorgonzola. Os clamores, feito esse de hoje, em voz alta, só aparecem depois que chuvas baixam. Devem ser de sede, de vontade de beber em alguma bica que está lá no alto. E que a gente, aqui no nível do mundo, nunca enxerga...

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