sábado, 10 de março de 2012

Bastante distante

Bastante além de muito longe Samir enxergou na mulher a víbora que de perto se ocultava. Dissimulação a distância, percebeu na bina, quando o número exposto não bateu com a intenção nem com o choro de saudade. Não era da casa tímida aquela voz da esperta, como ele observou pelo cheiro. Dali à luz, foram breves concatenações. Nunca houvera depressão da esposa quando se ausentava a negócios. Jamais se isolara horas do mundo, imersa em fronhas de travesseiro, como dizia. E as reclamações quanto aos amigos comuns tinham procedência na própria vileza da patroa, que lhe vendia a condição de vítima. Samir sofreu o baque, mas não muito. No fundo pressupunha que aquela angelical criatura criava demônios em seu paraíso artificial. O basta, enviou por e-mail, que ela nem abriu, julgando se tratar de um “spam do tolo”.

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