domingo, 11 de março de 2012

Inventou, distraído

Inventou, distraído, suas próprias elucubrações sobre as uvas passas. Sabia que as pobres passavam pelo longo processo de desidratação para minguarem feito ele, ali, parado, macambuzio, mas não supunha o mal que causariam ao Tao, o seu cão guloso que lhe roubara algumas dezenas delas. De nenhuma digestão à congestão foi um passo. O bicho devolvia a vida às uvas, reidratadas, enormes, vistosas naquela nojenta poça de lanço. A brutalidade do mundo exterior depois da profundidade displicente. Jurou de morte dos panetones, condenou salpicões, amaldiçoou pães e quitutes que se utilizavam daquilo. Tolerante, enfim, chegou à conclusão que damascos secos seriam ótimos substitutos à existência de um mundo glutão.

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