quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Conspiram?

Conspiram? E, antes de falar, sustando em tempo de não dar margens a ouvidos outros, Vasconcelos olhava de um lado e de outro, depois sussurrava: - Todos têm a intenção de derrubar o doutor Afrânio... Resvalando no temor, ainda insinuava uma pífia e vaga reação: - Precisamos mexer os pauzinhos! Então, com temperatura antártica, punha-se para o prumo do corpo, impostava a voz e lançava dúbias frases a quem quisesse escutar: - Não se pode dizer que o doutor Afrânio seja, assim, um poço de competência, mas tem resolvido com justiça as pendengas do financeiro. E quando todos lhe lançavam olhares de proveito ou ausência, lavava as mãos: - Longe se seja o céu. Cheio de tiques, fricotes e faniquitos, com os quais movimentava sem rumo os papéis sobre sua mesa. Era o oitavo chefe que passava. Vasconcelos, meio nem aí, sempre esteve aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário