quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Nada disse

Nada disse que pudesse estimular o ímpeto raivoso de Alice. Sobre as folgas de Pérsio, seus enlaces esparsos, firulas com as moças, essas coisas. Nem de leve mencionei o acaso que me meteu naquela festa de despedida de casado do cara. Nunca duvidei que Alice era louca, apesar da insistência com a qual ele dizia isso. Sabe-se lá com que ouvido pirotécnico ela escutaria a história? Dá certo choque quando a gente vê a coisa feita. O relógio de pulso estilhaçado, a camisa alinhada toda fora da estica, Pérsio sempre tão fino naquela cena tão adversa de invés de si. Não fui pão para o diabo admoestar. Nada. Alice roia as unhas, sentada sobre aquele mar vermelho de desolação, mas eu, discreto como um carrapato em cão peludo, só confirmei isso à polícia. Vi Alice, isso vi, sentada lá...e só.

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