sábado, 17 de dezembro de 2011

Não foi pelos

Não foi pelos ouvidos que percebeu a fala branda de Pedro. Pouca humildade, por vezes explícita. Um gestual à mercê das vistas. Parecia alongar os braços para se apartar dos próximos ou estabelecer espaços. Atrevimento comedido era o que poderia ser notado, naquele hábil requinte do volume baixo. Teresa à distância conveniente o observava às vezes, entretida em seus desejos de ideias vagas, quando se deu o arrepio. Como assim? Perguntou-se. Não havia hóspede para sua hospedaria, nem curvas para a sua retidão. Um relance. O olhar. De Pedro, lá na frente de seu espaço reservado às próprias cenas. Misteriosamente, como um clarão em campo escuro, ele deixou a roda e se encaixou no rumo. Caminhou lentamente até Teresa, e se puseram em colapsos. Viveram, depois, felizes para sempre.

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