domingo, 18 de dezembro de 2011

Do vento

Do vento não se ouvia outro sopro a não ser o do uivo aflito. Certo dueto com o gato no cio, que do muro mais alto chamava amores. Chovia delituosamente, e a água que emborcava nos bueiros não deixava margem ao conforto... aquele som grave e gutural. Suposto terceto. O que se diria se do quarto acima, só abaixo do sótão, surgisse o grito agudo da louca, que morava há anos naquela casa erma, sem que ninguém jamais a visse? O quarteto, assim, poderia ser o ápice de uma ópera à beira do macabro. Tiros, então, com seus sons estampidos, dariam conta de um quinteto para o encerramento. Mas certamente, todos juntos, não caberiam em poucas linhas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário