sábado, 24 de dezembro de 2011

Houve o amor

Houve o amor, ouve? Os dois riem intermitentes, entre os lábios, como se brindados por algo caído do céu. Essa porta não basta para impedir a visão de tanta felicidade. As barulhentas molas da velha cama já estalam aqui e ali, sem fôlego ou pressa. Imagine? É, sem dúvida, o momento da memorável admiração, ausência de suspeita, de sortilégios torpes. Há um descanso lírico no ar, ouve? O casal prestigia o mundo, sem incertezas. Anjos assentes tocam harpas ou liras nos dois cérebros. A gente aqui de fora, nessa curiosidade quase intrometida, mastiga papas nas línguas, enquanto eles, lá, gracejam. É mesmo um tédio essa vida de testemunha.

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