domingo, 11 de dezembro de 2011

Torceu o nariz

Torceu o nariz e desligou. Vida de fênix sempre tem cinzas, além de outras pertinências. Só quando mudou da sala para a varanda, Bebeto abriu a guarda, sacada de algum baú da memória, junto com a rolha do vinho. “Enquanto me fazem de fantasma, vou assombrando essa canalha”, disse pausado, antes do primeiro gole. Jamais cedera às sumidades que, ao custo de brechas ou invejas, tiravam-lhe espaços ou chances de ascender na carreira. Que tocassem os solecismos, reisados, pedras, britas ou aleijões para a sobrevivência. Bebeto viveria sem ser vítimas dos contorcionistas medianos. A fumaça do charuto cubano era testemunha de sua indiferença ao ordinário. Cada vez que renascia atemorizava mais as almas vulgares. Aquela ligação certamente não mudaria o rumo de sua nova vitória iminente.


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