quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Vigia e guardião

Vigia e guardião da memória do pai, guardava a fotografia da tatuagem que um dia o velho usara para espantar maus afetos. Sobra da solidão a que se impusera depois que o genitor morreu, doente sifilítico por tantos bons grados. Apesar do destino, cajado das muitas superstições, o filho cria no seu diferente, sem segundas intenções. Se não fez a foto à pele não foi por covardia ou receio, senão para ao invés de atrair amores, repulsá-los pelo fado que ao pai impingiram. Seu êxito no êxodo do isolamento calculado o tornava ao mesmo tempo afoito. Aliciador de adeptos à quase seita dos sozinhos. Ao seu lado, sempre o de lá, era mais difícil estar, feito cupim dentro do cajado. Tanto que quantos tentaram, voltaram. Renegaram a doutrina do infortúnio. Já mais dados às oportunidades do que aos perigos, contaram a história desse filho ensandecido de pai.

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