sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Depois de matar

Depois de matar a imagem de Amália, a amada morta que vivia dentro dele, Rodolfo, enfim, se liberou do pretexto para soltar suas fantasias. Diminutas, é bom esclarecer. Afinal, olhar de viés ao V do decote reluzente de Laís não era nenhuma perversão, naquele escritório opaco e opressor. Tampouco apreciar de soslaio as coxas cilíndricas da quadrada dona Deise, secretária do chefe, poderia se enquadrar numa depravação. Certo é que se confessou, e o padre o orientou a procurar uma alma gêmea. No velório de Adalberto, o atropelado, Rodolfo pode observar para além da pena a viúva Belinha. Meses, anos, depois do acontecido, finalmente tomou coragem! Segredou à Belinha uma receita infalível para desvanecer a imagem de Adalberto daquela cara triste. Só não vingou o novo vínculo porque Belinha foi firme. Disse-lhe que jamais olharia para decotes ou coxas, fossem da mulher que fosse.

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