quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Creio nas formas

Creio nas formas, na renovação da carne e na inflexibilidade do espírito. Toledo se olhava no espelho, enquanto pensava. Viu que seu rosto tinha a forma do triângulo isósceles apoiado na base, e logo concluiu que seu cérebro devia ser pequeno para caber naquele bico. Pensou em passar uma vassoura nesses pensamentos depreciativos, para varrer com eles todas justificativas que sempre lhe fizeram crer que carecia de perspicácia. Não encontrou o cabo da vassoura! Um parque de diversões de luzes se acendeu aos seus olhos: fora magro e já pensava assim de si. O robusto devaneio não lhe alterara a transcendência. Toledo engoliu outra dose de coerência com saliva: acreditou nas formas, na renovação da carne e no velho e inflexível espírito. Definitivamente, não passaria disso.

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