sábado, 18 de fevereiro de 2012

Alugou um

Alugou um sósia para desacatar Marlene. Qualquer pergunta tenderia à compaixão. E odiava suspenses, ainda que pudesse levantar suspeitas. Temeu hesitar perante a docilidade da voz, os trejeitos das madeixas, o suposto dengo, que sem pestanejar ele tanto amou. O destino, depois, que o esperasse. O erro se esbagulharia nas águas passadas, afogado de mágoas, ou perdido nos afazeres muitos daquela Marlene que já não reconhecia. Não contou com a astúcia do cara com sua cara, e se deram caros. Tão emoldurados para a foto que sequer angariaram suspeitas. A todos pareceu que finalmente foram felizes para sempre.

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