quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Prosaico feito

Prosaico feito um pum, Garibaldo levou seus rudimentos físicos e escassez cerebral para viver com Célia Dalva. Ela cumpria o papel, e nas horas vagas envolvia-se nos acasos. Tantos, e tão díspares, que Garibaldo achou por serventia arranjar-lhe um emprego de catadora de lixo reciclável. Mesmo com as juntas às dores, ela desdobrou-se na missão e, pelo mesmo farto acaso, encontrou naquele final de tarde, na sujidade do latão da padaria, um dente que parecia de ouro. Provou, não lhe servia na fresta à altura do canino direito, mas decidiu levá-lo ao cônjuge. De estalo além do susto, Garibaldo foi trocá-lo na relojoaria, e conseguiu um par de óculos usados. Com cara de abastado, nem se importou com o grau trocado. Magnânimo acariciou Célia Dalva no ouvido quando lhe buscou o rosto, mas não deixou de sentenciar definitivo: “a partir de hoje, mulher, você não precisa trabalhar mais!”.

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