sábado, 20 de agosto de 2011

Morreu amora

Morreu amora, sem nunca chegar a fruta média: uma maçã, caqui, abacate que fosse. Morreu parafuso sem rosca ou arruela, orgasmo sem corpo, lição sem discípulo. Foi-se, assim, arraia, com a pressa do tubarão. Miserável, com fartura de sonhos. Indócil, com a doçura dos açúcares todos. Saiba também que se indispôs com a vida porque achou que não a merecia tão grande. Que a deixaria por não deixar legado em troca. Viu tantos já deixados, todos tão complexos, que um ou outro eventual que pudesse construir se constituiria banal demais. Então morreu desgosto, sem nunca ter sido descuido.


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