quarta-feira, 17 de agosto de 2011

No dia em que

No dia em que desapareceu ninguém levou muito a sério. Às vezes sumia, às vezes não. As lágrimas demoraram uns dias, quando o habitual já não conseguia mais exercer nenhum poder sobre a explicação. Semearam-se dúvidas pelas bocas em bocas, delataram a solidão à polícia e estreitaram ouvidos para os sinais ou intrigas. Cuidaram bem dos exageros, levaram as crianças para passear. Não havia mínimos detalhes para revolver, nem vasilhas ou gavetas de pistas para perscrutar. Quando se deu a tese da amnésia! Boa para a dor de todos os destinatários daquele infortúnio. E infinitamente melhor do que a morte.

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