terça-feira, 24 de maio de 2011

Sempre palpitando

Sempre palpitando, Hipólito me dizia toda vez que eu iria me dar muito mal com essa mania de andar de bicicleta.

- Olha – disse Hipólito – você vai se dar muito mal com essa mania sua de andar de bicicleta.

Não disse? Subi no selim e me pus a pedalar a esmo. Já estava muito mal, mesmo. E acho que a bicicleta tem o poder oculto da serenidade, pelo esforço das subidas e o deleite das descidas. Deixa-me detido por uns instantes no espaço, para se fazer relembrar para sempre no tempo. Como as notícias boas da infância que, para chegarem mais rápidas, e as levava às pedaladas. Tal a superação de uma corrente desencaixada da coroa, que me fazia um solucionador do problema crucial para prosseguir na vida.

Só voltei mais tarde ao céu previsível onde estava Hipólito. Meio sem graça, disse apenas: “Não foi dessa vez, mas você vai se dar muito...”.

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