quarta-feira, 27 de junho de 2012

De barco

De barco a remo tiranizava a mansidão especular daquele lago de águas paradas. Tudo ali, no fundo do pequeno sítio em que morava, onde nem havia tanta vastidão. As bordoadas elevavam gotas nas pontas das pás. Cada uma delas produzia círculos que só paravam nas bordas, para descompor a simetria pelo rebojo. Délio dera um mundo, todo pronto e civilizado, por aquilo. As poucas rendas da aposentadoria e aluguéis mínimos lhe bastavam para o esforço gradual dos músculos. Às vezes ancorava e lia um livro, em estado de ilha. Outras vezes, apenas observava os múltiplos movimentos aquáticos, sem ver ou ouvir o tempo passar. Quem o olhasse pensaria que aquilo era óbvio demais...

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