quinta-feira, 31 de maio de 2012

O abuso

O abuso começou na quinta dose. Na primeira, foram apenas palavras. Cresceram à condição de balelas, na segunda. Ao final da terceira ainda era passível de perdão – sentimento cuja distância se tornou quase inatingível, na quarta. Afrânio vacilou. Sabia que levar aquele destilado oculto no bolso do outro lado ao batizado do sobrinho seria um ato de heresia a si – incapaz de conter-se. Objetar o padre, cantar a madrinha, difamar o coroinha e entornar a água benta seriam consequências óbvias, ainda que pouco usuais para a cerimônia. Exagero foi o xixi na pia batismal... com aquele membro minúsculo.

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