sexta-feira, 18 de maio de 2012

De cabeça

De cabeça para acho, Társio negava sempre um é isso ou aquilo. Sujeito inerte às interpretações e julgamentos. Sentenças, nem pensar! Ou não, era a conclusão inalterável de seus vereditos. Um ente irresoluto entre o bruto e o condescendente. No sábado, combinou com Vilma um cinema, um filme, num shopping. Assim, um qualquer um. Vilma, afinal, lhe dilatara as pupilas, atiçara o miocárdio, sugerira um sumo de paixão naquele poço de hesitação. Poria amarelo ou bastava o cinza? Um par de tênis ou sapatos sociais? Independente de qual roupa, Társio se recusava a mudar sua conduta e ir à luta. Logo sentiu um arrepio de arrependimento. “Podemos não ir?”, arriscou ao telefone, ao menos uma vez. Possessa, Vilma rompeu a relação mal iniciada, e Társio, entre o triunfo e a frustação, tratou de tirar suas conclusões: daria certo, mas não prestaria.

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