domingo, 6 de maio de 2012

Entrou no carro

Entrou no carro sob a chuva. Jamais a havia visto. É para me proteger, ela disse, antes de enfiar o indicador no dial do rádio, porque não gostava daquele jazz que tocava. Sensível aos pingos ela era, explicou depois, e ele, sem outro espaço, ouviu. Então falou coisas dignas. Do tipo que remete aos inesperados momentos aos quais gente, assim como eles dois ali, se vê submetida. Acontece. Meio sem mote ou tema, ele disse é. Ela, então gralha, gracejou acerca do destino, que deve haver, porque senão... Meio julgando cilada ou pensando nos azares que nunca pode evitar, ele sugeriu um destino específico. Te deixo onde, exprimiu, meio interrogativo meio três pontinhos. Sei lá, “aquilo” ali displicente respondeu. Ele freou o carro, pensou um imperativo desça, mas atenuou com um bom, então... No sinal da avenida o senhor pode encostar à esquerda. Ah! Cuidado com o buraco, naquela esquina há vários.

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