quinta-feira, 24 de maio de 2012

A doença do cara

A doença do cara! Polenta diária, porque a periquitos dava certo. Não haveria natureza insistente em titubear com a receita. Ao bem da verdade, o fubá mal não fazia. Ocorreu que Irineu se transfigurou ao ganhar aquela obesidade amarela, piorada pelo apelido de Sol, pelo qual passaram a lhe chamar, não pela luz. Ainda que não batesse em cego pelas costas, logo foram atribuídas a ele raras maldades que jamais cometera. Galinhas pondo defeito no ovo. E Irineu começou a charlar, feito ave falante, quando a ocasião lhe intimava respostas. Papos de tucano ou de periquito australiano. Saraivadas de indefinições sonoras, que acabaram por isolá-lo do convívio na vila. Ninguém nunca soube se foi loucura ou performance, mas Irineu se auto instalou em uma enorme gaiola no centro, onde permaneceu até a morte, ocorrida quando as boas almas deixaram de lhe oferecer papinha de milho.

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