terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tanto chovia

Tanto chovia, que Lourival nem levou a sogra. Disse à enfermeira que não combinava sogra com barro, nem com hora marcada. “Aquilo é um atraso só”, falou à moça, que havia perguntado primeiro da velha. Do sítio à cidade nem era muito longe, mas Lourival quis sentir sozinho aquele perfume adocicado e sutil da água nas folhas, sem ouvir reclamações quanto ao vidro dianteiro do fusca, que há anos não fechava. Seguiu inclinado à natureza da vida, “de tocar em frente”, deixando as questões outras para serem revistas com mais calma. Que se danassem os pretextos, quando urgia o prazer. Bem encafifou-se ao chegar ao doutor, porque a paciente era de fato a mãe da esposa, mas de palpites e cabelos brancos, já andava cheio.


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