sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Aproveitar

Aproveitar o seu humor aproveitaria. Já se valera dele antes, quando o tédio da fala maldizente de Umbelina narrava que mulheres sãs disputam entre si cada espaço que as cerca, só a doentes amam. Foi quando a chamou de “amor”, “amada”. Ambos riram, porque era sempre mais útil, nas situações aborrecidas, do que ouvir a inteligência fina da conhecida. Poderia até gracejar, em outra circunstância, mas ali não seria entendido e poderia parecer tosco, embora pouco se importasse com uma eventual grosseria, entre as tantas indelicadezas dissimuladas que se apresentavam naquela logorréia de intelectuais estreitos. Chamou o garçom e pediu então uma cachaça. No tom cult e goles curtos, trataria sua persuasão íntima, e quem sabe acabaria achando todos ali muito interessantes?

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